Muito se fala sobre o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população brasileira, mas a verdade é que a cada dia os “millennials” mais se fazem atuantes, influentes e determinantes em nossa sociedade, sob os mais diversos aspectos. Também conhecidos como Geração Y, eles nasceram no período compreendido entre 1980 e 1996, e em função do desenvolvimento tecnológico e comunicacional daquele período, seu perfil é bastante diferente das características da anterior Geração X, predominante no quadro social de muitas cooperativas financeiras. Essa, aliás, é uma realidade que merece atenção.
Com a infância e a adolescência fortemente influenciadas pelo advento e pela chegada da internet no Brasil, os “millennials” foram apelidados de “nativos digitais”. Estima-se que eles somem aproximadamente 20% da população brasileira, mas não há dúvidas de que representam uma fatia significativa do público-alvo consumidor. Considerando que, em sua maioria, são economicamente ativos, esses jovens, na faixa etária dos 30 anos, impuseram ao mercado e às relações de consumo redirecionamentos e transformações.
Isso porque suas crenças, valores, posicionamentos, aspirações, sua filosofia de vida, comportamento e atitudes pautam-se em um propósito e em um modelo de vida que até então não eram determinantes no relacionamento que as empresas – entre elas as instituições financeiras – mantinham com seu público-alvo e com a sociedade, nem nos produtos, nem nos serviços que elas ofereciam.
Pesquisas realizadas para identificar o perfil dos “millennials” indicam que, em geral, esses jovens têm escolaridade elevada, são qualificados e priorizam mais o foco nas pessoas e nos propósitos do que no lucro e nos produtos. Têm fortes compromissos humanos, sociais, com a cidadania e sustentabilidade do planeta. Valorizam a ética, a transparência, o direito, a verdade, a responsabilidade e a coerência em todos os seus relacionamentos, entre eles os de consumo.
Como se vê, existe grande afinidade entre o Cooperativismo de Crédito e os propósitos e atitudes dos jovens que fazem parte da Geração Y, que merecem ser público-alvo diferenciado das cooperativas financeiras. Como é natural, a massa de cooperados, com o passar do tempo, envelhece e, também por isso, as cooperativas precisam estar sempre empenhadas no aumento e renovação de seu quadro social.
Nesse esforço, as cooperativas devem ter em mente o potencial que os “millennials” representam. Conhecer seu perfil, seus anseios, suas características e necessidades, para apresentar-lhes o Cooperativismo – em especial a modalidade financeira – e, mais do que convidá-los, mostrar-lhes que o Cooperativismo de Crédito, por ser convergente com seus propósitos e atitudes, é a solução financeira ideal que os ajudará a concretizar seus planos.
Esse modelo econômico também poderá viabilizar que essa geração alcance a realização de seus projetos e sonhos, fazendo com que os jovens se tornem empreendedores, conquistem o equilíbrio financeiro e construam um futuro de segurança, prosperidade, tranquilidade e bem-estar, porém sem deixar de viver o momento presente. Sabe-se que isso é uma coisa de que eles não abrem mão.
Entretanto, não basta apenas empenhar-se bravamente para alcançar esse objetivo se a organização mantiver os processos e as mentalidades adquiridas no passado.
Os “millennials” são hiperconectados por natureza. Relacionam-se com o mundo quase completamente por smartphones; desejam soluções simples, ágeis, confiáveis, colaborativas, sustentáveis e personalizadas, com mobilidade, autonomia e flexibilidade, o tempo todo e em todo lugar. Por isso, para atrair e conquistar esse público, antes de mais nada, as cooperativas financeiras precisam modernizar-se no que for possível e, por meio da estratégia e da inovação, rever seus produtos e serviços, sua infraestrutura tecnológica e seus processos operacionais. É preciso efetivar a transformação digital do seu negócio e da sua atitude junto a esse público.
E, sobretudo, certificar-se de que as cooperativas estão plenamente conectadas com o pensamento deste novo tempo, no que se refere ao seu posicionamento e à sua prática organizacional, empresarial, negocial e social. Afinal, mais do que essenciais, essas condições são imprescindíveis para se tornarem, verdadeiramente, organizações sintonizadas com o momento atual e, assim, conquistar e fidelizar os “millenials”, aumentando expressivamente seu número de associados.
Nesse sentido, vale destacar duas ações empreendidas pelo Sistema SICOOB direcionadas ao envolvimento dos jovens nos assuntos voltados ao cooperativismo. O Conexão SICOOB, projeto destinado aos jovens universitários, leva ao público-alvo, de forma dinâmica e criativa, assuntos relacionados à Economia Social, ao Capitalismo Consciente e ao Cooperativismo Financeiro nas próprias universidades. O roadshow já passou este ano pelo Rio de Janeiro, Espírito Santo e Brasília, e deverá alcançar outros destinos em breve.
Outra iniciativa do SICOOB foi a participação na Campus Party Brasilia, entre os dias 27/06 e 01/07. O evento contou com a presença de mais de 100 mil pessoas, na sua maioria campuseiros com idade inferior a 30 anos, superando eventos semelhantes realizados em Dubai, Itália e Singapura, este ano.
Colaborativos e hiperconectados que são, ao compartilhar suas experiências, os “millennials” se tornarão verdadeiros “embaixadores” do Cooperativismo Financeiro nas redes sociais e em todos os ambientes digitais que frequentam, colaborando, desse modo, decisivamente para o crescimento e fortalecimento de nossas cooperativas!
Kedson Macedo
Presidente na Confebras e Diretor Executivo na Cooperforte