Na realidade, as Cooperativas Financeiras estão entre as empresas pioneiras que introduziram nas comunidades, as primeiras ações econômicas: criativa, compartilhada, colaborativa e de multivalor.
Essa afirmação é salvaguardada pelos 7 princípios cooperativistas exercidos quotidianamente, e pelo ato cooperativo na distribuição das sobras. Esse é um caso exclusivo do modelo de negócio cooperativista financeiro, onde uma parcela do capital investido pelos associados retorna aos mesmos após deliberação nas assembleias, as quais os próprios associados têm poder de voto.
Na visão futurista de Lala Deheinzelin, as quatro economias do futuro (colaborativa, criativa, compartilhada e multivalor) convergem para formar comunidades totalmente sustentáveis nos âmbitos socioeconômico e socioambiental. O estudo “Fluxonomia 4D: As quatro Economias do Futuro”, de autoria de Deheinzelin, esclarece as quatro dimensões da sustentabilidade nas comunidades do futuro, as quais de forma isolada, já vêm sendo implementadas, mas que a tendência está na integralização dessas novas formatações econômicas.
Neste cenário de metamorfose das engrenagens econômicas, a missão primordial de cada Cooperativa Financeira não é aumentar os dígitos dos ativos, mas acima de tudo oferecer experiências financeiras em atendimento de excelência, que culminam na realização de investimentos mais rentáveis, com custos operacionais mais justos, dos quais paralelamente gerem desenvolvimento nas comunidades em termos econômicos e sociais.
Economia Compartilhada/Colaborativa
“Estamos conectados para compartilhar”.
Rachel Botsman
A especialista em consumo colaborativo, comportamento cooperativo e mecânica da confiança, Rachel Botsman, explicou no TEDxSidney de 2010 que a tecnologia ao mesmo tempo que não exige as resoluções presenciais das coisas, exponencialmente estimula comportamentos integrativos. Hoje uma realidade estabelecida no mundo inteiro.
A cada momento fica mais evidente que a tecnologia é a ferramenta para acabar de vez com os desperdícios, sendo a plataforma para a conexão das pessoas à pessoas, e das pessoas às empresas, mote que permeia tão somente na redistribuição e reaproveitamento de tudo, mas das inúmeras formas mais inteligentes para todos usufruírem experiências por meio dos bens coletivos. Nesse sentido as Cooperativas Financeiras são um claro exemplo de associação de pessoas onde o foco é “o DO” cooperado, e não “NO” cooperado, fator esse, totalmente adaptável à implementação de novas tecnologias que visam potencializar as experiências de serviço da cultura Cooperativista Financeira.
O consumo cooperativo
Atualmente, a internet desmistificou e intensificou principalmente o consumo cooperativo de conteúdo de tal maneira que se tornou uma força onipresente de interação e compartilhamento, porém cada navegante deixa rastros, em outras palavras, a reputação, com potencial de gerar inclusão ou rejeição. A realidade da web é dinâmica, onde o compartilhamento promove a confiança ou desconfiança dos stakeholders (colaborativos) pelas marcas, produtos e serviços.
Acompanhar as tendências ou estar um passo a frente?
Estamos na era considerada pós-digital, onde a internet das coisas é um fato, e o Bitcoin é a moeda da realidade virtual, contabilizada pela tecnologia Blockchain, melhor entendida quando a interpretamos como um livro de registros de todas as transações feitas no mundo, por meio das moedas virtuais. Essa tecnologia é a ponte direta nas transações entre clientes e empresas, sem intermediários, e melhor, com segurança superior aos processos mais comuns.
A inteligência artificial e os sistemas conversacionais entram no caldo pós-digital. São as engrenagens para inúmeras soluções colaborativas e vêm para incrementar o marketing e a excelência no atendimento, a exemplo do Banco Original (fintech) que utiliza o Facebook Messenger como um chatbot capaz de responder às principais dúvidas do cliente com dinamicidade.
Em um rápido comparativo das primeiras Caixas Populares da história com as atuais Cooperativas Financeiras brasileiras, uma característica manteve-se intacta: a essência de transformar clientes passivos em associados, criadores integrados na causa social e econômica da comunidade.
Viver bem o presente, olhar para o futuro sem medo do novo e nunca esquecer o passado das Cooperativas Financeiras, que outrora quebraram tantos paradigmas, tal como as novidades tecnológicas e colaborativas que hoje batem a nossa porta. Na atual conjuntura do Sistema Financeiro Nacional (SFN), as Instituições integrantes do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) não devem permitir que as experiências proporcionadas pelo setor fiquem obsoletas ou ultrapassadas. É necessário acompanhar a disrupção e estar um passo à frente, ou no mínimo emparelhar-se às transformações cunhadas pelas constantes inovações em nível de sociedade e tecnologia.