O ano de 2020 começou com aproximadamente 62 milhões de brasileiros inadimplentes, conforme divulgou a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Além de atrasarem as contas, muitos cidadãos frequentemente recorrem ao parcelamento do cartão de crédito e ao uso do cheque especial, cujos juros são abusivos nos bancos tradicionais. Estima-se também que a cada 10 brasileiros, quatro emprestam o nome para que outras pessoas possam realizar compras, de acordo com a Serasa Experian. Embora o contexto não seja animador, há, sim, uma “luz no fim do túnel”. Ou seja, alternativas no mercado que podem auxiliar no pagamento das dívidas em condições mais acessíveis e juros mais baixos, em paralelo a um trabalho dedicado e importante de educação financeira. E neste contexto ganha força o Cooperativismo de Crédito.
A diferença da taxa média praticada pelo Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), por exemplo, em comparação com os bancos tradicionais em 2019 era bastante significativa: 8,12% em 2019 no cartão de crédito rotativo contra 12,34%, em média, no Sistema Financeiro Nacional. Já no cheque especial (de pessoa física), podia chegar a 12,57% nos bancos contra 6,48% nas cooperativas do Sistema. Além das vantagens práticas, há um compromisso social importante, como pontua o superintendente do Instituto Sicoob, Luiz Edson Feltrim. “O Cooperativismo de Crédito está comprometido com a sociedade e com as pessoas. O trabalho desenvolvido vai ao encontro de soluções mais conscientes, justas e inclusivas, gerando um importante impacto positivo na comunidade onde as cooperativas estão inseridas”, explica. Para Feltrim, “não há espaço de comparação entre cooperativa e banco. O negócio é diferente e é preciso desmistificar essa ideia. Dentre os princípios do Cooperativismo de Crédito estão a formação e informação, além da preocupação com a educação financeira, o que demonstra o interesse pela comunidade”, define. Segundo o superintendente, “crédito gera renda e emprego e a importância das cooperativas está justamente neste ponto: acesso ao crédito com melhores condições e todo um desenvolvimento local a partir disso, gerando um ciclo virtuoso e produtivo”.
Tamanha a importância do assunto que o Banco Central considera o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) um ator estratégico para a inclusão e aumento da competitividade no Sistema Financeiro Nacional. Assim, passou a incentivar e utilizar o cooperativismo como propulsor de mudanças e parceiro importante para a Agenda BC#. Prova desta importância foi o envio recente ao Congresso Nacional de projeto de revisão da Lei Complementar n° 130, para modernização das cooperativas no Brasil, de autoria do deputado federal Arnaldo Jardim (SP), que representa as cooperativas de crédito na Diretoria da Frente Parlamentar do Cooperativismo.
Para o presidente da Confebras, Kedson Macedo, o Cooperativismo de Crédito tem, sem dúvida, uma importante função diante do cenário de endividamento dos brasileiros. “As opções das cooperativas compensam em todas as modalidades, com a prática de percentuais médios abaixo dos bancos tradicionais”, explica. “O caminho é longo, mas bastante promissor e a boa notícia é que o Cooperativismo de Crédito deixou há muito de ser promessa e se trata, hoje, de uma realidade cada vez mais acessível e necessária para a transformação financeira e social dos cidadãos”, conclui.
Fontes de pesquisa:
- https://www.serasaexperian.com.br/consultaserasa/blog/conheca-as-7-principais-causas-de-inadimplencia-no-brasil-hoje
- https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/noticia/7157
Data da publicação: 16/03/2020