A inclusão e equidade de gênero é um compromisso das instituições focadas em trabalhar por um mundo melhor.
Uma prova disso é que a própria Organização das Nações Unidas (ONU) propõe na sua agenda a equidade entre os homens e mulheres para os próximos anos. No conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), elencados pela instituição a todos os países-membros, está inclusa a promoção de equidade entre os gêneros.
O cooperativismo não poderia ficar de fora desse contexto! Afinal, falamos de um modelo econômico voltado ao desenvolvimento social e comunitário. Daí a importância do Seminário Internacional da Inclusão de Gênero no Cooperativismo que reuniu nesta semana grandes especialistas sobre o tema.
O evento, promovido pelo Mestrado em Gestão e Regime Jurídico-Empresarial da Economia Social – ISCAP/P.Porto, de Portugal, teve acesso livre e gratuito, via Zoom, permitindo um rico debate que conectou pessoas de diferentes lugares do mundo.
Temas fundamentais abordados
O Seminário Internacional da Inclusão de Gênero no Cooperativismo teve três explanações principais e marcantes.
A primeira foi trazida pela presidente da Aliança Cooperativa Internacional para as Américas (ACI-Américas), Graciela Fernández. Ela destacou que as ações de igualdade de gênero são inadiáveis no cooperativismo, reforçando que a participação das mulheres no segmento ainda é bastante inferior à masculina, seja como cooperadas, colaboradoras ou em posições de liderança. Esse último quesito é onde se observam as maiores discrepâncias.
“É um compromisso que precisamos assumir, com políticas que façam parte da agenda de confederações, federações e cooperativas, por sua vez, aliadas às políticas públicas. A inclusão precisa se converter em ações práticas e efetivas, com foco em educação, informação e formação, que ferramentem mulheres possibilitando que sejam mais participativas”, convida Graciela Fernández.
A força dos programas bem desenvolvidos
A advogada especialista no tema e consultora do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, Vera Lúcia Oliveira Daller, comentou a formulação e condução do programa Coopergênero, do qual ela foi uma das idealizadoras, encampado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A iniciativa é um excelente exemplo de como políticas coordenadas com foco em sensibilização, estímulo e fomento são capazes de gerar avanços e impulsionar o empoderamento das mulheres.
Vera mencionou a realização de eventos, a definição de marcos legais, o investimento em capacitação e a criação de núcleos de mulheres como pontos fundamentais de geração dos bons resultados colhidos pelo programa.
Como reflexos positivos, a especialista citou a posterior parceria entre o Ministério, o Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade de Gênero e a instituição Agro Mais Mulher, uma política pública para o fortalecimento do trabalho da mulher no campo.
O panorama português
O encerramento do seminário teve a participação do gestor de dados da instituição portuguesa Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), Eduardo Pedroso. Ele trouxe um interessante panorama da realidade vivida no país europeu a partir das informações coletadas no contexto da pesquisa Retrato da Mulher no Sector Cooperativo Português.
Como bem destacou o executivo, os dados trazidos pelo estudo ainda demonstram a clara disparidade, denotando um ambiente predominante masculino. O que sinaliza para a importância de apostar na representatividade feminina como fator de impulso e desenvolvimento para o cooperativismo e o mundo.
“Nós da Confebras, defendemos a igualdade de gênero como uma política institucional e por isso entendemos que todas as ações nesse sentido são extremamente relevantes”, pontuou a superintendente da Confederação, Telma Galletti, sobre o evento.