Não é de hoje que ouvimos com muita frequência – e repetimos sempre! – que vivemos em um mundo altamente competitivo no qual, para ter sucesso, as pessoas precisam se capacitar continuamente, buscando se destacar das demais no enfrentamento e na solução dos desafios que forem impostos.
Como assim é a sociedade moderna, a educação de nossos dias projeta-se para um cenário de exacerbada competitividade, preparando, desde a infância, para a “adversidade”. Neste cenário, o outro é sempre um concorrente, um adversário, alguém que, por disputar conosco e até colocar em risco o lugar que almejamos, precisa ser superado, vencido e afastado.
Esse pensamento, focado sobretudo no auto centrismo, induz e sustenta conflitos de toda ordem e em todas as esferas, da pessoal e profissional à coletiva, econômica, política, religiosa, ideológica e até mesmo nacional. O modelo educacional fundamentado na visão egocêntrica, levada ao extremo em uma sociedade fortemente competitiva, desperta e sustenta atitudes e comportamentos intolerantes e totalitários, que são sérias ameaças à paz. Provas disso são os acontecimentos que os noticiários nos mostram, em todas as partes do mundo.
A educação pela e para a cooperação, ao contrário da educação para a competição, é a educação para a paz. Praticada sobretudo pelas cooperativas, ela parte do princípio de que, colaborativamente, as pessoas podem ser solidárias na busca das realizações pessoais, inclusive pelo entendimento de que as conquistas coletivas são o somatório dos esforços comuns e decorrem no compartilhamento do êxito, dos benefícios e do bem-estar. Daí a urgente necessidade de incluir nos currículos escolares no Brasil a disciplina “Cooperativismo”, visando dotar os cidadãos brasileiros, desde a infância, das virtudes emanadas dos princípios cooperativistas de solidariedade, democracia e colaboração mútua para a paz e bem-estar social.
Na Confebras, estamos fazendo a nossa parte. Os programas específicos e as ações de educação cooperativista e de educação financeira empreendidos por meio de sua Plataforma EAD, dos Programas CooperaCriança e CooperaEduca (www.confebras.coop.br), e da realização e participação de eventos, como o Programa de Intercâmbio Técnico Internacional, são instrumentos pelos quais a Confederação pratica a educação pela e para a cooperação. Vale aqui também ressaltar o importante papel da Editora Confebras na contribuição para a ampla difusão do conhecimento cooperativista e para o aprimoramento das lideranças e organizações do movimento.
Em síntese, essas iniciativas, apesar de constituírem diferentes propostas e serem destinadas para públicos muito diversos, têm como objetivo comum disseminar informação e conhecimento que, em uma visão abrangente, serão aplicados para o bem da coletividade.
Todos precisamos estar atentos às oportunidades de educar para a paz. Como motivação, lembro, por fim, as belas e contundentes palavras de Maria Montessori “As pessoas educam para a competição e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz”.
Kedson Pereira Macedo – Presidente da Confebras e Diretor Executivo da Cooperforte