Sistema OCB – Brasília (4/10/17) – A terceira quinta-feira de outubro é uma data muito especial para as cooperativas financeiras de mais de 100 países. É quando elas se unem para celebrar o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito (DICC). Então, ao longo do próximo dia 19/10, diversas ações de responsabilidade socioambientais serão realizadas, ao mesmo tempo, dentro e fora do Brasil, a fim de mostrar tanto a força quanto a preocupação do cooperativismo global com as comunidades onde se localizam.
Aqui no Brasil, aproximadamente de 9 milhões de pessoas já conhecem as vantagens de fazerem parte do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), composto por mais de mil cooperativas. E, ao ampliar o olhar, veremos que ao redor do mundo, esse número ultrapassa a casa dos 231 milhões de pessoas que sonham, realizam e prosperam.
Aliás, esse é o tema do Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito: Sonhos Prosperam Aqui, definido pela Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (Woccu – na sigla em inglês) e implementado pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
E quem explica a importância da participação das cooperativas brasileiras na celebração internacional, é o presidente da Confebras, Kédson Macedo (foto acima). Confira!
Qual a importância de o SNCC participar ativamente da celebração do DICC?
Embora seja prática comum e contínua de engajamento das comunidades nas quais as cooperativas de crédito estão inseridas, no DICC a ênfase é diferenciada. Nessa data, celebrada anualmente na terceira quinta-feira de outubro, há uma mobilização conjunta dos integrantes do cooperativismo financeiro em âmbito mundial, todos sintonizados no mesmo ideal: fortalecer as soluções cooperativistas financeiras nas comunidades. A ativa participação na celebração do DICC, por meio da campanha disponibilizada pela Confebras em parceria com a OCB, legitima e fortalece os ideais do cooperativismo e estabelece maior sinergia com as Instituições Cooperativistas Financeiras em todo o mundo.
As cooperativas são aliadas naturais da ONU na luta contra a erradicação da pobreza no mundo. Poderia comentar um pouco sobre isso?
Os princípios cooperativistas transmitem valores humanos que estão profundamente alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, principalmente ao objetivo número 1, que trata da erradicação da pobreza.
Para extinguir a pobreza, a cooperação é fundamental. Nesse sentido, a atividade cooperativista desenvolvida pelos diferentes ramos cooperativos contribui para a ascensão econômica conjunta. É fato, e os cases pelo Brasil e pelo mundo comprovam, que onde há atividade cooperativista o índice de pobreza é menor. No âmbito do cooperativismo de crédito, a compreensão da realidade local, combinada ao acompanhamento personalizado e à educação financeira oferecida pelas cooperativas, contribui para cada associado sair das situações dificultosas e, ainda, encontrar o equilíbrio, sendo que a orientação da cooperativa, alinhada à disciplina do associado, faz toda a diferença.
Por ser formada pela associação de pessoas, as quais são pertencentes a uma mesma comunidade, a Cooperativa de Crédito é uma empresa com coração, constituída para ter protagonismo no desenvolvimento econômico local e cumprir o seu papel de ferramenta da solidariedade social e da união entre as pessoas. Oferece soluções financeiras justas, emprega e nutre interesses pela comunidade por meio de ações, projetos e programas não apenas de cunho solidário ou assistencialista, mas também de capacitação e de valorização do ser humano. Aqui inclui-se resgatar a dignidade das pessoas excluídas e dar-lhes oportunidades de viver com altivez.
– Qual a importância do quadro social, bem como de sua participação no processo de decisão de uma cooperativa?
A democracia fortalece a importância da participação de cada associado nas decisões da Cooperativa de Crédito. Um associado representa um voto, uma decisão, uma opinião. Ninguém manda mais que o outro. Assim, pensamentos em comum geram movimento em prol das decisões conjuntas. Nesse sentido, o quadro social tem fundamental importância para a constituição, condução e desenvolvimento de uma Cooperativa de Crédito. O quadro social é a base e o topo. É o corpo; é o todo. O quadro social é o início e o fim das atividades das Cooperativas de Crédito. Nas Cooperativas, o foco que vale é o DO associado. Ele é o dono. Ele é o patrão.
– Por que as cooperativas se importam tanto com as comunidades que estão à sua volta?
É como o ar que respiramos. Quem não deseja melhorar o ar que respira? Torná-lo mais puro, mais saudável? Num comparativo simples, o ar é para a vida o que a comunidade é para a cooperativa de crédito: a essência; a fonte da existência. Melhorar a vida financeira dos seus associados é a missão de toda cooperativa de crédito e, ao melhorar a vida deles, melhora-se a economia da comunidade. Pela ótica mais ampla do contexto, desencadeia a prosperidade e a qualidade de vida.
– Poderia nos dizer quais são os principais entraves ao desenvolvimento das cooperativas de crédito no Brasil?
Um obstáculo que as cooperativas de crédito precisam estar atentas relaciona-se à competitividade frente aos bancos tradicionais e agora também às Fintechs. Como manter-se competitiva quando as exigências dos públicos estão cada vez mais digitais? Como manter-se competitiva, sem perder seu perfil humano e sem abdicar dos princípios cooperativistas?
Ainda oferecemos vantagens aos cooperados, por conhecer a realidades deles e adaptar os serviços às suas necessidades. O atendimento torna-se diferenciado, próximo e engajador. Mas não podemos nos esquecer que vivemos em um país capitalista, em que o mercado dita as regras, e acompanhar as mudanças voláteis e velozes é um grande desafio. Para despertar e estimular os líderes das cooperativas é que as parcerias institucionais do setor, que já acontecem, são tão importantes, como ocorre com eventos como o CONCRED e o Fórum Integrativo Confebras. Nesses eventos a intercooperação acontece na prática e alavanca positivamente todo o contexto cooperativista.
– Considerando que o SNCC cresce cerca de 100% a cada 5 anos, superando, inclusive, os outros sistemas bancários (privados ou públicos), poderia nos dizer o que motiva esse fenômeno?
O primeiro fator motivador da ascensão do SNCC no SFN é a gestão desenvolvida pelos líderes, executivos cada vez mais capacitados para conduzir cooperativas numa atmosfera competitiva. Foi a gestão eficaz desses líderes que possibilitou que as cooperativas de crédito oferecessem completo e moderno portfólio de produtos e serviços, a preços muito competitivos.
Em seguida vem a convicção do propósito base de toda cooperativa de crédito, que sabiamente é explicitado pelo tema do DICC deste ano. O cenário do SNCC é resultado da qualificação somada a valores e causa nobre. Embora o crescimento do SNCC à base de 20% ao ano, nos anos recentes, seja um fato digno de comemoração, isso já é passado.
Agora temos a responsabilidade de administrar nossas cooperativas financeiras à luz de novo cenário desafiador de redução de spreads, forte transformação digital e concorrência de outros players que adentram ao mercado financeiro como fintechs e empresas globais de tecnologia (Google, Amazon, Pay Pal, por exemplo).
Nossos cooperados, como qualquer consumidor, sempre buscará o que o mercado oferecer de melhor, e tenho certeza que estaremos preparados para cativá-lo com o melhor produto, o melhor serviço, a melhor rentabilidade e o melhor atendimento.
Fonte: Sistema OCB – www.somoscooperativismo.coop.br/noticia/20878/dia-internacional-mostra-a-forca-social-das-cooperativas-de-credito