Entrevistado: Sr. Ronaldo Ernesto Scucato – 1º Presidente da Confebras
Confebras: Sr. Scucato, o que fez crer no projeto Confebras, quando em 86 houve sua constituição? O cenário cooperativista necessitava de uma Confederação?
Mesmo após a definição da Política Nacional de Cooperativismo, conquistada com a Lei 5.764/71, na década de 1980 as cooperativas ainda atuavam de maneira muito dispersa. A exceção eram as cooperativas de crédito urbano, através da Federação Leste Meridional das Cooperativas de Economia e Crédito Mútuo (Feleme), com destaque para o esforço pessoal e dedicação da pioneira e precursora da constituição de cooperativas de crédito urbano, Terezita (Maria Tereza Rosália Teixeira Mendes). Sem dúvida, essa cooperativista foi uma grande inspiradora de propostas de atuação mais sólidas e organizadas em nosso segmento. As cooperativas, naquela época, precisavam se organizar melhor. E então, com o objetivo de fortalecer o segmento de crédito, foi constituída a Confebras, para o atendimento dos interesses das cooperativas do ramo e consolidação de suas demandas, visando o desenvolvimento desse setor.
Confebras: Em sua visão, durante os anos em que esteve à frente da Confederação e nos demais anos, qual contribuição a Confebras proporcionou, no âmbito político e educacional, ao cooperativismo financeiro brasileiro?
A constituição da Confebras visava a união de todo o cooperativismo de crédito brasileiro. Tanto é assim que a razão social adotada foi Confederação Nacional das Cooperativas de Crédito, abrangendo os segmentos urbano e rural. Mas a discordância de alguns, tanto do crédito urbano quanto do rural, infelizmente impediu um desenvolvimento unificado. Apesar disso, a contribuição da Confebras sempre foi muito expressiva, não apenas na representação política, mas também no âmbito educacional. O cooperativismo de crédito cada vez mais é reconhecido e, não por acaso, conquista mais espaço no mercado. Isso muito tem a ver com verticalização do segmento.
Confebras: Como o senhor percebe a Confebras atualmente?
Eu entendo que, ao completar 30 anos, a Confebras deve se orgulhar de sua trajetória e continuar com seu empenho pela consolidação do crédito cooperativo brasileiro, alargando sua área de atuação e enriquecendo suas ofertas de benefícios ao Sistema. Os desafios sempre se renovam e devemos estar atentos às novidades. Senão, ficamos para trás.
Confebras: Como um dos fundadores da Confebras, o Sr. certamente nutre um carinho pela instituição. Contudo, como o senhor descreveria os próximos 30 anos da Confederação?
A Confebras continuará sendo uma importante instituição para as atividades de aprimoramento do segmento de crédito, atuando de forma participativa e alinhada com o Sistema OCB e demais parceiros em prol do crescimento das cooperativas do ramo.
Confebras: Quanto aos princípios fundamentais cooperativistas, o senhor acha que estão sendo bem empregados no cooperativismo financeiro brasileiro?
O crescimento e destaque do cooperativismo de crédito não deixa dúvidas quanto a isso. O cooperativismo só é forte quando tem seus valores e princípios empregados no dia a dia. Nossa forma de atuação, considerando a gestão democrática, autonomia e independência, interesse pela comunidade e intercooperação, estão no cerne do desenvolvimento das cooperativas de crédito brasileiras.
Confebras: Qual sua atual visão do cooperativismo financeiro do Brasil?
Minha visão sobre o cooperativismo de crédito reflete o cenário que atualmente descortinamos, ou seja, de crescimento sustentado e com absoluto sucesso no universo financeiro do Brasil.