Um dos segmentos mais afetados pela pandemia, as micro e pequenas empresas enfrentam grandes desafios, tais como manter o fluxo de caixa, os pagamentos de fornecedores ou o aluguel em dia. O Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), lançado pelo Governo Federal, veio para fortalecer e apoiar os pequenos negócios. Instituído pela Lei 13.999, de 18 de maio de 2020, cria condições especiais para acesso ao crédito com a garantia do Fundo Garantidor de Operações (FGO) para investimentos e capital de giro.
Segundo informou o Portal do Empreendedor, site oficial do Governo, em maio, os recursos para este fim somavam R$ 15,9 bilhões. Recentemente, o Congresso Nacional aprovou mais R$ 12 bilhões e o Ministério da Economia trabalha para disponibilizar os recursos a partir de 15 de agosto. Além de bancos comerciais, de fomento e fintechs, entre outras instituições, as cooperativas e bancos cooperativos tiveram acesso a parte dos recursos na primeira fase. Mas esses recursos ainda foram insuficientes, segundo lideranças cooperativistas. Agora é grande a expectativa para a segunda fase do Programa.
Para conhecer melhor esta realidade, a equipe da Confebras entrevistou o Diretor-presidente do Bancoob e Sicoob Confederação, Marco Aurélio Almada. Graduado em Administração de Empresas, possui MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC. Em 2017, tornou-se vice-presidente da CIBP (Confederação Internacional dos Bancos Populares), com sede em Bruxelas–Bélgica, que reúne diversos bancos cooperativos do mundo, e em abril de 2020 passou a ser também Diretor-presidente do Bancoob e Sicoob Confederação.
O Bancoob foi uma das instituições que acessou a parte dos recursos do primeiro aporte. Almada fala do assunto e traz detalhes sobre como está funcionando esta linha junto ao Banco.
O Bancoob, como instituição bancária do Sicoob, recebeu quantas adesões de cooperativas interessadas em operar os recursos do Pronampe? Quais foram os recursos totais da primeira fase e da segunda fase que inicia agora?
Almada – As operações foram comercializadas por 220 cooperativas singulares. Na primeira fase, o volume de contratações, superou a marca de R$ 1,3 bilhão em apenas 72 horas. Para a segunda fase, ainda não houve liberação de limites para operacionalização.
Os recursos foram suficientes?
Almada – Infelizmente, não. Assim como nas demais instituições financeiras que aderiram ao programa, grande parte dos nossos cooperados não puderam ser atendidos.
Quais os maiores desafios encontrados para a liberação dos recursos junto às cooperativas interessadas?
Almada – Sem dúvidas, o maior desafio foi a escassez de limites frente ao volume da demanda apresentada pelos cooperados elegíveis ao programa.
O sucesso do Pronampe pode vir a inspirar as instituições de crédito a manterem programas do gênero no futuro?
Almada – Apesar do programa não apresentar às intuições financeiras grande rentabilidade, a possibilidade de ofertar acesso ao crédito com maior segurança (garantia do governo) encoraja os bancos a aderirem a esse tipo de programa, uma vez que a concorrência passa a operar nesta modalidade. Este cenário gera maior competitividade, promove a fidelização dos cooperados e beneficia os empresários brasileiros. O fato de o governo participar da garantia da operação nos permite apoiar nosso cooperado, num ambiente de grande incerteza, sem gerar desequilíbrios significativos nas contas da cooperativa, em função de eventuais impontualidades de pagamento ocorridos, por motivos alheios à vontade do cooperado tomador de crédito. Assim ficamos liberados para cumprir o papel que se espera de uma cooperativa, sem gerar desequilíbrios por isso, e estamos prontos para agir assim sempre que necessário.
Que facilidades foram oferecidas pelo Governo Federal para operacionalização do Pronampe junto às cooperativas?
Almada – Neste momento incomum da economia, a garantia ofertada pelo Governo Federal para eventuais inadimplências foi fundamental para o sucesso do programa. Pois permitiu aos bancos apoiarem as microempresas e empresas de pequeno porte, no fortalecimento e manutenção de seus negócios.
O senhor teria outra complementação importante a fazer?
Almada – O Sicoob mantém seu interesse em fazer parte do rol das instituições que irão operar com o programa em uma possível segunda fase, pois sabemos da importância do cooperativismo no acesso ao crédito por parte dos pequenos empresários e do nosso papel no desenvolvimento das comunidades.
Publicado em: 14/08/2020