Com o advento da 4a. Revolução Industrial, profundas transformações estão alterando completamente o ambiente de negócios. Vários são os dilemas com os quais as empresas se defrontam em face da atuação em mercados altamente competitivos: desde o surgimento de novas tecnologias, até o fato dos consumidores estarem cada vez mais esclarecidos e empoderados.
Na ambiência do mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), é mister que os líderes estejam conscientes de que suas empresas estão inseridas numa arena globalizada e digital na qual os negócios precisam ser realizados de forma ágil e segura, sendo o tempo de resposta da operação um divisor de águas entre o fracasso e o sucesso empresarial.
Neste palco em transformação, não há somente uma revolução tecnológica, mas também uma evolução da inteligência e da consciência do ser humano. Essa constatação deve constituir insumo para que as organizações empreendam mudanças disruptivas, visando responder proativamente aos desafios imediatos e vindouros.
A criatividade e inovação têm sido antídotos importantes para criar novas alternativas que garantam o crescimento e a sustentabilidade das organizações.
Algumas perguntas apresentam-se aos líderes empresariais neste momento: Como mudar rapidamente a organização de dentro para fora? O que fazer para inovar? Como transformar pessoas e processos em direção às mudanças disruptivas necessárias? Quais os principais drivers que influenciam a capacidade de inovação das empresas? Como reagir adequadamente à transformação digital?
As livrarias estão repletas de literatura que tenta responder a essas indagações. E uma única resposta não é plausível para explicar esses questionamentos que angustiam as mentes das lideranças empresariais em todo o mundo. Mas, certamente, a cultura organizacional tem um papel relevante no processo de transformação e no desempenho das empresas em direção à adaptação necessária às exigências do novo mundo digital.
Dentre as várias definições sobre cultura organizacional, podemos nos servir das palavras de Geert Hofstede (2005): “é um sistema social representado por seus Valores, Ritos, Símbolos e Heróis que moldam e determinam o comportamento de uma organização ou comunidade”. Ou, também, da síntese de um funcionário, quando questionado sobre esse conceito: “É o jeitão que fazemos as coisas por aqui”.
Cultura tem a ver com cultivo de valores individuais e coletivos. E mudar a cultura de uma organização exige persistência, demanda capacidade crítica e autocrítica, pressupõe compreensão empática, imaginação criativa e comprometimento de todos, começando pelo board de diretores até o funcionário executor da função mais simples na estrutura organizacional.
Em consonância com as experiências que vivenciei, compartilho 15 dicas sobre valores, conhecimentos e regras que as empresas em processo de transformação podem adotar para criar uma cultura digital vencedora:
1) Cultivar, no grupo organizacional, o senso de identificação em torno do Propósito para Inovação. Vale lembrar que, etimologicamente, Proponere significa aquilo que se declara ativamente; que se coloca à frente;
2) Entender as necessidades do cliente. Na era digital, as redes de clientes predominam. É por meio dessas redes que as pessoas se conectam e interagem dinamicamente. Valorizar a comunicação direta, a cocriação e a conexão permanente constitui pressuposto fundamental para a conquista do novo consumidor;
3) Cooperar é a melhor maneira de maximizar parcerias e vencer no mundo das tecnologias emergentes que turbinam modelos de negócios vencedores;
4) Educar dirigentes, colaboradores, clientes e stakeholders para a criatividade e a inovação;
5) Implementar respostas rápidas às mudanças e aumento significativo da produtividade. Ser mais rápido, objetivo e assertivo;
6) Fomentar um ambiente colaborativo e confiável (menos hierarquia), que propicie a aceleração das decisões, a abertura para novas tecnologias, a atração de talentos e o incentivo à criatividade sem medo de errar;
7) Incentivar a diversidade como pilar da cultura da inovação;
8) Priorizar a educação como força, meio e ferramenta de transformação das pessoas e da organização;
9) Engajar gestores como líderes e guardiões dos valores, da cultura, da marca e do modelo de inovação da empresa;
10) Comunicar, comunicar, comunicar…E interagir de forma eficiente e eficaz.
11) Comemorar as vitórias de curto prazo e não se melindrar com os insucessos. Grandes transformações começam com pequenas e continuas mudanças;
12) Valorizar o bom exemplo, a honestidade e a lealdade nas relações;
13) Ser apaixonado por dados. Esses ativos estratégicos têm se constituído o principal gerador de valor das empresas na era digital;
14) Compartilhar, internamente, as melhores práticas;
15) Desenvolver em todos a visão de futuro e a capacidade de exploração.
Sem a pretensão de esgotar o assunto, essas contribuições visam colaborar para a reflexão de líderes que conduzem, neste momento, organizações que, por questão de sobrevivência, têm a necessidade premente de adaptar-se aos novos hábitos dos consumidores e à competição acirrada, advinda de tecnologias disruptivas.
A construção de uma cultura digital pode vir a ser, sem dúvidas, fator de sucesso na jornada da transformação das empresas, fortalecendo suas estratégias, diretrizes e modelo de negócio.
Por fim, é sempre bom relembrar as palavras do mestre Peter Drucker sobre a relação entre cultura e estratégia: “A cultura devora a estratégia no café da manhã”.
Kedson Macedo
Presidente na Confebras
Diretor Executivo na Cooperforte
Data da publicação: 21/02/2019