“Cooperativas de crédito precisam estar no coração e no celular dos cooperados”, afirma Banco Central durante o BC UNEVozes

Em um país em que o Pix se tornou o meio de pagamento número um, com mais de seis bilhões de transações por mês – 200 milhões por dia – o ambiente financeiro digital ganha cada vez mais protagonismo, e as cooperativas de crédito devem garantir atuação nesse mercado. A avaliação é do chefe de divisão do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor) do Banco Central, Evaristo Araújo, que participou do projeto BC UNEVozes durante o 5º Fórum Integrativo Confebras, realizado em João Pessoa (PB), no dia 17 de outubro. 

“Cooperativas, vocês precisam estar nos apps. No coração dos cooperados e no celular. Principalmente entre os jovens. Como as cooperativas de crédito vão chegar até eles? Pelos apps. É indispensável levar aos jovens os princípios cooperativistas, explicar a eles o que vocês são, o que vocês fazem, o bem que promovem”, destacou. 

Segundo Araújo, de maneira geral, a população está cada vez mais disposta a compartilhar informações no ambiente Open Finance e as cooperativas precisam estar preparadas para atuar com desenvoltura no digital. 

Com a maior rede de atendimento físico do País – presente em 58% dos municípios – as cooperativas de crédito são a única instituição financeira em 469 cidades, mostrando seu papel estratégico para inclusão onde os bancos não chegam. Essa atuação, segundo Araújo, deve ser complementada pela presença digital. 

“Sei que o mundo cooperativo é focado na proximidade, mas vocês não podem usar esta vantagem de estar próximo para não ser digital. É preciso estar próximo ao cooperado também no digital para que ele possa agir e tomar decisões bem informadas e que levem ao melhor resultado”, recomendou. 

Novas parcerias 

Em sua apresentação, Araújo destacou novidades regulatórias que poderão ampliar a presença das cooperativas de crédito no ambiente financeiro digital, como o modelo Banking as a Service (BaaS), no qual empresas não financeiras, como varejistas e e-commerces, oferecem serviços bancários a seus clientes integrando a infraestrutura de instituições autorizadas pelo Banco Central. 

“A norma para isso, uma resolução conjunta, sai ainda este ano. É uma inovação regulatória que vai trazer tranquilidade a esses contratos, novas possibilidades de contratação, de ofertas de produtos, serviços financeiros, de pagamento e seguro por meio dos contratos de BaaS”, antecipou o chefe de divisão do Denor. 

Araújo também destacou o papel da intercooperação para que o segmento cooperativista possa avançar na digitalização e seguir ampliando sua participação no Sistema Financeiro Nacional. “Nos últimos anos, o Banco Central tem incentivado e apontado de forma bem clara: intercooperem, estabeleçam investimentos compartilhados, desenvolvam tecnologias de ponta que possam ser aplicadas em todo o segmento. Atuem juntos para que possam enfrentar os grandes players do mercado, inclusive no ambiente digital. É isso o que o Banco Central visualiza para um futuro próspero para o cooperativismo.” 

Novidades no Pix 

Durante a edição especial do BC UNEVozes sobre inovação no sistema financeiro, o chefe da Divisão Operações do Pix, José Vicente Santana, apresentou os dados mais recentes sobre o meio de pagamento e um panorama das novidades que o Banco Central está desenvolvendo para fortalecer a ferramenta. 

“O Pix é hoje o instrumento de pagamento número um no País. Para nós, é motivo de orgulho fazer parte disso e ter a ajuda de vocês, que, como instituições financeiras cooperativas, trabalham com a gente para que as coisas funcionem”, afirmou Vicente. 

Segundo ele, o Pix tem uma “agenda evolutiva” permanente, com inovações para ampliar o alcance e a funcionalidade e aprimorar a segurança. Esse trabalho já resultou, por exemplo, no Pix por aproximação e no Pix Automático, que estão em vigor. 

Entre os próximos aperfeiçoamentos, segundo Vicente, está o do Pix Parcelado – em que o consumidor pode contratar uma operação de crédito com a instituição financeira no momento da compra. 

“Muitas instituições já disponibilizam o Pix Parcelado. Nossa ideia é padronizar como essa funcionalidade está chegando aos usuários e garantir maior abertura das informações oferecidas. O objetivo é deixar mais claro que se trata de uma operação de crédito, que vai gerar uma dívida e precisa ser paga. O Banco Central tem uma grande preocupação em relação ao superendividamento, então estamos trabalhando para que as informações repassadas aos usuários sejam as melhores possíveis”, explicou. 

Outra prioridade é o aprimoramento do Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado para facilitar o ressarcimento em caso de fraudes e golpes. Segundo Vicente, atualmente, a ferramenta viabiliza a devolução de cerca de 10% dos recursos ligados a operações denunciadas. Isso porque, para que seja devolvido, o valor deve ser debitado da conta do usuário recebedor e, muitas vezes, os fraudadores movimentam rapidamente esses recursos. 

“A ideia com o MED 2.0 é fazer um rastreamento desses valores. Então, se o dinheiro saiu para uma segunda ou terceira conta, o MED 2.0 poderá identificar. Vamos analisar uma rede de transferências para ir atrás desses valores”, antecipou. 

Entre as inovações previstas para o médio prazo, Vicente listou o Pix por aproximação offline, Pix em Garantia e a possibilidade de emissão de duplicata com Pix. 

O vice-presidente da Confebras, Donizete José, destacou a importância do tema inovação para as cooperativas financeiras e ressaltou que o diálogo com o Banco Central é fundamental para que o segmento possa acompanhar as transformações da digitalização. 

“As informações que foram trazidas neste BC UNEVozes são essenciais para que as nossas cooperativas possam oferecer, com mais conhecimento, esse meio de pagamento que caiu na graça do povo brasileiro e que está chamando a atenção do mundo”. 

Parceria consolidada 

Desenvolvido no âmbito de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Confebras e o Banco Central, o BC UNEVozes teve duas edições durante o 5º Fórum Integrativo. Desde o ano passado, o projeto já tratou de temas como regulamentação, supervisão, inovação e sustentabilidade. 

Realizado pela Confebras, 5º Fórum Integrativo teve correalização do Sistema OCB/PB – Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado da Paraíba. O evento contou com patrocínio master do Sistema OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); além de apoio institucional do Sicoob Central NE, Central Sicredi Nordeste e Banco Central do Brasil.

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