A última edição de 2024 do BC UNEVozes, canal de comunicação com as cooperativas de crédito promovido pela Confebras e o Banco Central do Brasil, debateu um assunto que tem transformado o sistema financeiro em todos os segmentos: a necessidade de fazer negócios de forma sustentável.
Com o tema “Agenda de sustentabilidade nas cooperativas de crédito”, o evento reuniu representantes da Confebras e do BC em Brasília, no dia 13 de novembro, com participação online de cerca de 350 pessoas de todo o Brasil.
Na abertura, o presidente da Confebras, Moacir Krambeck, destacou que o cooperativismo financeiro deve crescer de forma sustentável para seguir cumprindo sua missão de gerar desenvolvimento econômico de forma justa.
“O caminho do cooperativismo é melhorar a qualidade de vida das pessoas e, com certeza, incluir os excluídos”, afirmou.
Além de Krambeck, a Confebras foi representada pelo vice-presidente, Luiz Lesse Moura Santos, e pelo diretor Celso Ramos Régis.
A chefe da Universidade Banco Central (UniBC), Elvira Cruvinel, ressaltou a responsabilidade do segmento financeiro para liderar transformações sustentáveis. “As instituições financeiras têm o poder de alavancar todo o sistema. Então, o que as instituições financeiras e o cooperativismo de crédito fazem, pode impactar a sociedade e o meio ambiente”.
A sustentabilidade dentro do Banco Central
Para apresentar um panorama das ações de sustentabilidade desenvolvidas pelo Banco Central, a chefe da Gerência de Sustentabilidade e de Relacionamento com Investidores Internacionais de Portfólio (Gerip), Isabela Damaso, destacou a agenda da autarquia para a área. A primeira é de 2008, com a publicação de regulação com critérios ambientais para a concessão de crédito rural na Amazônia. Nos anos seguintes, novas práticas foram implementadas, com destaque para 2020, com o lançamento do pilar de Sustentabilidade da Agenda BC#.
“A Agenda BC# é um instrumento de gestão e comunicação do Banco Central com a sociedade, stakeholders e colaboradores. Tentamos dar transparência e divulgar prioridades estratégicas para além dos temas comuns de economia. Com a Agenda BC# Sustentabilidade, o Banco Central do Brasil assumiu uma liderança nesse assunto, tanto na esfera doméstica quanto internacionalmente”, avaliou.
A Agenda BC# tem seis pilares: inclusão financeira, competitividade, transparência, sustentabilidade, educação e excelência. O pilar de sustentabilidade já totaliza 21 iniciativas desde a sua criação, entre elas o inventário de gases de efeito estufa, o relatório de sustentabilidade, a introdução de parâmetros ESG nos modelos de risco do BC e a promoção da cultura de sustentabilidade na autarquia.
Segundo Isabela Damaso, o propósito da agenda é impulsionar a estratégia de sustentabilidade do Banco Central e manter a instituição na fronteira do conhecimento no tema.
“O objetivo dos riscos estratégicos é avaliar de que forma os riscos de eventos internos e externos, de temas relacionados a clima, meio ambiente e aspectos sociais, podem comprometer o alcance dos objetivos estratégicos do Banco Central. Atualmente são oito objetivos estratégicos e existe um especificamente voltado para a promoção das finanças sustentáveis, para o melhor gerenciamento dos riscos de sustentabilidade no sistema financeiro”, explicou.
Os riscos do BC relacionados à sustentabilidade, assim como as inúmeras ações da autarquia no tema, são apresentados no Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas do Banco Central do Brasil, disponível na página do BC na internet.
Isabela Damaso ressaltou que a Agenda BC#, reconhecida internacionalmente, pode inspirar as cooperativas de crédito na estruturação de suas políticas de sustentabilidade por tratar de instrumentos específicos do segmento financeiro.
Regulação prudencial brasileira
O chefe de subunidade do Departamento de Gestão Estratégica e Supervisão Especializada (Degef), Sergio Sequeira, apresentou algumas normas de sustentabilidade aplicadas pelo banco, entre elas a Resolução CMN nº 4.945, de 2021, que dispõe sobre a Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC).
“A PRSAC é um documento em que a instituição declara como ela pretende atuar, quais são as suas diretrizes nessas três esferas (ambiental, social e climática) e como pretende se portar em relação a esses assuntos nos processos internos, relação com seus funcionários, fornecedores, na concessão de crédito”.
Entre as boas práticas implementadas para o atendimento da PRSAC que podem ser incorporadas por cooperativas, Sequeira citou ações de fomento à agricultura familiar, apoio à inclusão digital e promoção de ações de educação financeira nas comunidades em que atuam.
Segundo Sequeira, o atendimento aos requisitos da norma é estratégico para as instituições financeiras cooperativas. Para garantir que os requisitos de sustentabilidade sejam cumpridos, o especialista do BC destacou que o gerenciamento de riscos nessa área deve fazer parte dos escopos das auditorias cooperativas.
BC UNEVozes 2024
Ao longo do ano, o BC UNEVozes se consolidou como um canal de informação e diálogo entre o Banco Central e as cooperativas financeiras, principalmente as singulares independentes. Em cinco encontros online, o projeto reuniu mais de 3,2 mil participantes e 15 palestrantes do Banco Central.
Os eventos trataram de regulamentações sobre educação financeira, organização e funcionamento das cooperativas de crédito, supervisão e novas normas contábeis.
O BC UNEVozes integra o Acordo de Cooperação Técnica entre o Banco Central e a Confebras e terá novas edições em 2025.
Todas as edições do BC UNEVozes de 2024 estão disponíveis no Youtube da Confebras.