Cooperativas de crédito terão novo modelo de supervisão contínua, anuncia BC

A partir de janeiro de 2026, o Banco Central do Brasil irá aplicar o Sistema de Riscos e Controles (SRC) na supervisão das cooperativas de crédito. Baseado na avaliação de risco e medidas preventivas, o modelo é utilizado em outros segmentos do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O anúncio foi feito pelo chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias (Desuc) do Banco Central, Adalberto Felinto, durante edição especial do BC UNEVozes no 5º Fórum Integrativo Confebras, realizado em 16 de outubro, em João Pessoa. 

Segundo Felinto, a mudança se deve ao crescimento e aumento da relevância do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) nos últimos anos.

“Vocês cresceram muito e se tornaram elementos fundamentais e importantes dentro do Sistema Financeiro Nacional. E, quanto maior a relevância, maior o cuidado. O SNCC está caminhando para atingir R$ 1 trilhão de ativos. É muita coisa. E para cuidar desse dinheiro todo, precisamos ter gestão de riscos e governança apuradas, como nas instituições de primeiro porte do SFN”, explicou. 

O chefe-adjunto da área de Cooperativismo do Desuc, Ívens Aruã Neves de Miranda, destacou que o SRC tem metodologia consolidada e segue padrões internacionais. Desenvolvido originalmente para supervisão de bancos, o modelo está sendo adaptado por um grupo de trabalho, para ser implementado pelas instituições cooperativistas a partir de 1º de janeiro de 2026. 

O SRC tem como base a supervisão contínua, em ciclos que irão variar de um a três anos, de acordo com o porte das cooperativas. A avaliação de riscos e controles inclui análise de dados, testes, inspeções, monitoramento e eventuais planos de regularização. O resultado, segundo Miranda, será um diagnóstico completo da situação da instituição supervisionada. 

“Podemos dizer que teremos um prontuário, um histórico da saúde dessa instituição, que irá registrar se ela teve algum problema ou algum indício de que terá em algum momento. E isso vai auxiliar muito Banco Central”, comparou. 

O novo modelo tem três graus de complexidade, que serão aplicados conforme o porte das cooperativas: SRC Completo, SRC Riscos Relevantes e SRC Integrado. A avaliação de quesitos como resultados, solidez, liquidez, governança e gestão de riscos levará ao cálculo de uma nota que varia de 1 a 4 – sendo 1 a melhor nota, e 4, a pior. 

“É importante destacar que essa nota é confidencial, ou seja, cada instituição recebe a sua, não vai ter nenhum ranking do Banco Central sobre isso. O objetivo desta nota é buscar o aprimoramento, destacou Miranda. 

Durante a apresentação do novo modelo, os representantes do BC reforçaram a importância do diálogo e da comunicação com as cooperativas para a implementação das medidas e ressaltaram que as normas darão ainda mais segurança e confiabilidade ao segmento financeiro cooperativista. 

“Nossa contribuição para o desenvolvimento do cooperativismo é exigir boa governança e boa gestão. É um cuidado e um compromisso com a continuidade, com a longevidade do SNCC”, destacou Felinto. 

Cenário internacional 

O chefe do Desuc também falou sobre o cenário atual de instabilidades geopolíticas e seus impactos para o sistema financeiro. Ele disse que o momento mostra a importância da gestão de riscos, inclusive os ambientais, sociais, climáticos, tecnológicos e de natureza política. 

Diante desses desafios crescentes, segundo Felinto, o caminho é fortalecer o cooperativismo de crédito por meio do aprimoramento da gestão, da governança e das linhas de defesa, e isso passa pela supervisão. “O Banco Central busca dar força às cooperativas na sua identidade, aumentar a sua resiliência, ter um conjunto normativo que gere confiança. Os cooperados se sentem mais seguros sendo usuários de instituições que são disciplinadas, bem organizadas, bem geridas. Isso gera confiança e estabilidade”, ponderou. 

Diálogo aberto 

Os representantes do Banco Central destacaram o BC UNEVozes como um canal de comunicação estratégico com as cooperativas, principalmente com as independentes. Desenvolvido no âmbito de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Confebras e o Banco Central, o projeto chegou à sua sétima edição durante o 5º Fórum Integrativo e já tratou de temas como regulamentação, supervisão, inovação e sustentabilidade. 

Para o diretor-executivo da Confebras, Celso Ramos Régis, a interação com o BC tem fortalecido o segmento cooperativista e impulsionado o crescimento do setor. “Agradeço à parceria do Banco Central conosco aqui no Fórum. É muito importante saber que o cooperativismo tem relevância para o Banco. Muitos dos temas que tratamos aqui são dores de crescimento: nossa presença no sistema financeiro aumentou e nossa responsabilidade também. E queremos seguir crescendo”.

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