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Gerente do WOCCU enaltece a força do cooperativismo brasileiro

O gerente de Programas Internacionais de Treinamento e Educação do Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (WOCCU), Thomas Belekevich, esteve em visita à Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras) nesta segunda-feira (03/02) para tratar, entre outros assuntos, do fortalecimento da parceria com a entidade. Desde 2004 no Conselho Mundial, Thomas aprendeu vários idiomas, tornando-se um poliglota fluente em espanhol, português, sueco e inglês. Belekevich circula em ambientes internacionais e transculturais há mais de 25 anos. Thomas fornece orientação estratégica e operacional para a iniciativa Global Classroom (a Sala de Aula Global), criando oportunidades de colaboração e intercâmbio entre profissionais de todo o mundo. Já atuou em mais de 30 países para incentivar uma maior empatia nas relações internacionais e atualmente vive em Atenas, Costa Rica. Acompanhe aqui a entrevista concedida, com exclusividade, à Confebras.

Qual a importância de estreitar os laços entre o WOCCU e uma Confederação que representa as Cooperativas de Crédito de todo o Brasil?
Belekevich –

A Confebras e o Conselho Mundial reconhecem o tremendo potencial que as Cooperativas Financeiras têm para gerar mudanças positivas nas nossas comunidades. Compartilhamos o objetivo comum de fortalecer essas instituições financeiras democráticas para que elas possam melhorar o acesso a serviços financeiros de qualidade e expandir o desenvolvimento social e econômico. Existem muitas sinergias entre nossos esforços. As Cooperativas Financeiras em todo o mundo enfrentam vários desafios comuns – a transformação digital, a sustentabilidade de pequenas instituições, a necessidade de melhorar a relevância com os jovens, entre outros.  Juntos somos mais fortes e podemos alcançar um maior impacto trabalhando juntos para enfrentar esses desafios.

 

Como essa parceria pode ser ainda mais benéfica para o setor cooperativista no Brasil?

Belekevich – Enquanto procuramos soluções para os desafios enfrentados pelas Cooperativas Financeiras em todo o mundo, vemos exemplos de estratégias e iniciativas únicas em todos os países. Um dos maiores recursos para o movimento cooperativo é nossa disposição em compartilhar experiências, incentivando a expansão das plataformas de troca. Ajudamos uns aos outros a superar nossos desafios compartilhados. Este é apenas um benefício da nossa parceria. A inovação é difícil para muitos, mas se estivermos abertos à possibilidade de aprender juntos, esse processo se torna muito mais fácil e nossos membros se beneficiarão muito. É importante lembrar sempre que fazemos parte de um movimento global. Temos um foco local, mas juntos estamos alcançando um impacto global. Estamos fazendo do mundo um lugar melhor.

 

É possível compartilhar algumas possibilidades de colaboração a partir dos Programas de Intercâmbio desenvolvidos em parceria com a Confebras?

Belekevich – A colaboração estará no centro de um futuro de sucesso para as Cooperativas Financeiras. A estrutura do sistema no Brasil é inspiradora. Seu modelo de três níveis – uma marca compartilhada entre cooperativas individuais conectadas através de centrais para formar uma confederação – tem um tremendo potencial para Cooperativas de Crédito em outros países que estão enfrentando o desafio da sustentabilidade. O objetivo dos programas de intercâmbio do Conselho Mundial é trazer essas lições importantes do Brasil para o mundo – e vice-versa.


Qual é a importância dos Intercâmbios Técnicos que a Confebras já vem realizando todos os anos para os gestores das cooperativas? Como uma experiência internacional pode agregar o currículo e provocar efeitos práticos no dia a dia?

Belekevich –Os líderes do movimento cooperativo brasileiro estão procurando novas ideias para garantir que suas cooperativas permaneçam relevantes. O Conselho Mundial e a Confebras trabalham juntos há muitos anos para oferecer aos profissionais das cooperativas do Brasil oportunidades para explorar exemplos de inovação e obter novas perspectivas de cooperativas de outros países. A transformação digital de serviços financeiros é necessária para competir em um mercado em que há novas alternativas de fintechs todos os dias. Esta questão é tão importante que o Conselho Mundial criou o Laboratório de Transformação Digital no ano passado – www.dtl.woccu.org -, um recurso on-line projetado para destacar exemplos impactantes de digitalização no setor, incluindo biometria, serviços ativados por voz e muito mais. Trabalhando juntos, o Conselho Mundial e a Confebras criaram programas de aprendizado para várias delegações do Brasil no ano passado, que exploraram essas mesmas questões e forneceram novas ideias sobre metodologias para inovação.

 

Quais experiências de cooperativismo o senhor pôde conhecer “in loco” no Brasil?

Na semana passada, visitei as cooperativas do Sicredi no Oeste do Paraná com uma delegação de jovens profissionais dos Estados Unidos e da Polônia. O objetivo de nossa visita foi conhecer a iniciativa do Comitê da Juventude do Sicredi, que oferece oportunidades de desenvolvimento profissional para os jovens e os capacita, incentivando sua participação em projetos de desenvolvimento comunitário. Foi inspirador conhecer jovens tão apaixonados por sua Cooperativa de Crédito e que trabalham para tornar sua comunidade um lugar melhor. Vimos como essa iniciativa redefiniu a maneira como os jovens interagem com sua Cooperativa de Crédito. Isso é importante porque muitas cooperativas estão enfrentando uma crise de relevância com a próxima geração de membros. Em muitos países, a idade média dos membros é de 50 anos ou mais. Se isso não mudar, a sustentabilidade a longo prazo dessas cooperativas está em risco. Precisamos encontrar novas maneiras de nos conectar com os jovens em nossa comunidade e demonstrar como somos diferentes. O Conselho Mundial pretende tirar as lições aprendidas durante a nossa visita ao Sicredi nesta semana e criar um kit de ferramentas que ajudará as Cooperativas de Crédito de outros países a replicar essa iniciativa. Algum dia em um futuro não distante, esperamos conectar esses comitês de jovens por meio do Conselho Mundial e oferecer uma oportunidade única de desenvolvimento profissional para eles – tudo graças às Cooperativas de Crédito!

 

Quais as boas práticas e políticas implementadas pelo WOCCU e que podem servir para o Cooperativismo de Crédito no Brasil?

Belekevich –Ao longo dos anos, o Conselho Mundial e nossos projetos de desenvolvimento internacional criaram uma série de recursos para Cooperativas de Crédito, que fornecem diretrizes e melhores práticas em uma ampla gama de operações – para cooperativas, associações comerciais e reguladores. Eu já mencionei o Laboratório de Transformação Digital, mas existem outros recursos também disponíveis em nosso site, incluindo a Lei Modelo para Cooperativas de Crédito e guias técnicos para aumentar a
filiação de jovens.

 

A World Credit Union Conference é um dos eventos mais esperados do ano pelos brasileiros que atuam no setor do Cooperativismo de Crédito. Já é possível antecipar as novidades da Conferência, que, este ano, acontecerá em Los Angeles?

Belekevich – Estamos muito entusiasmados com a Conferência deste ano, porque é provável que seja uma das maiores já programadas. O tema do evento é Mudando o Mundo – uma referência ao impacto global que alcançamos trabalhando juntos em todo o setor de Cooperativas Financeiras. A conferência deste ano será co-organizada pela Associação Nacional de Cooperativas de Crédito dos EUA (conhecida como CUNA) e será realizada em Los Angeles, Califórnia, EUA, de 19 a 22 de julho de 2020. Prevemos mais de 3.000 profissionais de Cooperativas Financeiras em mais de 50 países. Encorajo todos os nossos colegas do Brasil a se juntarem a nós neste evento inspirador. É incrível a energia que criamos quando tantos cooperados dedicados às Cooperativas Financeiras se reúnem em um só lugar. Espero ver vocês lá!

 

Data da publicação: 04/02/2020

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